sábado, 20 de outubro de 2007

Exibicionismo x miséria x abraços


Em um mundo onde 2/3 da população vivem em extrema miséria, alguns privilegiados podem oferecer a uma filho de 3 anos, como presente de aniversário, um helicoptéro ou um apartamento de R$ 3.000.000, onde brincam de casinha de boneca. Não satisfeitas, exibem-se de uma maneira espalhafatosa. E o que estas pessoas fazem pela humanidade? Absolutamente nada. A não ser, serem guardiões de um sistema que permite aos mais espertos explorarem os desprotegidos de várias formas. Uma delas é veiculando mentiras, inescrupulosas e lesivas as pessoas humildes, que não avaliam o quanto são roubadas. Pois, a ambição destas pessoas não tem limites. Refiro-me a este assunto, pois foi veiculado na grande imprensa, a carta de um apresentador de TV, que fora assaltado e perdera o seu ROLEX avaliado em R$ 10.000,00. Como todo bom exibicionista, não perdeu a chance de expor o seu pensamento, que é o de uma capitalista cruel e insensível. Diz no texto, que paga altos impostos, como se nós não pagassemos! O referido senhor, além de ter uma pousada em Fernando de Noronha - que é uma reserva ambiental, - , e é claro, onde nenhum mortal comum e honesto conseguiria construir nem uma casinha, pois seria considerado invasor, faz propaganda de financeiras que assediam as pessoas nas ruas, de várias cidades brasileiras de uma forma brutal. Os juros cobrados por estas instituições são um assalto, só que não à mão armada. Qual a diferença?

Em uma sociedade, onde o ensino sempre foi relegado ao último plano, é normal a maioria das pessoas não refletirem sobre nada. Aliás, ainda idolatram seus algozes, cujos filhos estudam na Escola Americana, pois o grande sonho deles é brilhar em Miami.

Pensando nisto, deixo aqui um pensamento do professor da Universidade de Londres - Eric Hobsbawn - que nos ajuda a refletir.


O problema é difícil e, tudo indica, está em aberto. De qualquer forma Hobsbawn insiste que “os socialistas estão aqui para lembrar ao mundo que em primeiro lugar devem vir as pessoas e não a produção. As pessoas não podem ser sacrificadas”, assegurando que “o futuro do socialismo assenta-se no fato de que continua tão necessário quanto antes, embora os argumentos a seu favor já não sejam os mesmos em muitos aspectos”.

Verdadeiramente, o meu sonho era que pudessémos viver em uma sociedade onde pudessemos nos abraçar com muito carinho.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Che


Amigos,

Deixo com vocês o lindo artigo do Saramago em homenagem ao Che. Beijos.

"40 anõs sin Che"

Breve meditação sobre um retrato de Che Guevara Por José Saramago

Não importa que retrato. Qualquer um: sério, sorrindo, arma em punho, com Fidel ou sem Fidel, dizendo um discurso nas Nações Unidas, ou morto, com o dorso nú e olhos entreabertos, como se do outro lado da vida ainda quisera acompanhar o rastro do mundo que teve que deixar, como se não se resignasse a ignorar para sempre os caminhos das infinitas criaturas que estavam por nascer. Sobre cada uma dessas imagens se poderia reflexionar profundamente, de um modo lírico ou de um modo dramático, com a objetividade prosaica do historiador ou simplesmente de alguém que se dispõe a falar do amigo que descobre haver perdido porque não o chegou a conhecer. Ao Portugal infeliz e amordaçado de Salazar e de Caetano chegou um dia o retrato clandestino de Ernesto Che Guevara, o mais célebre de todos, aquele feito com manchas fortes de negro e vermelho, que se converteu na imagem universal dos sonhos revolucionários do mundo, promessa de vitórias a tal ponto férteis que nunca poderiam se degenerar em rotinas nem em exepcismos, antes dariam lugar a outros muitos triunfos, o do bem sobre o mal, o do justo sobre o inícuo, o da liberdade sobre a necessidade. Emoldurado ou fixo na parede por meios precários, esse retrato esteve presente em debates políticos apaixonados na terra portuguesa, exaltou argumentos, atenuou desânimos, namorou esperanças. Foi visto como um Cristo que havia descido da cruz para descrucificar a humanidade, como um ser dotado de poderes absolutos que fosse capaz de extrair de uma pedra a água na qual se mataria toda a sede, e de transformar essa mesma água no vinho com que se beberia o esplendor da vida. E tudo isto era certo porque o retrato de Che Guevara foi, aos olhos de milhões de pessoas, o retrato da dignidade suprema do ser humano. Mas foi também usado como adorno incongruente em muitas casas da pequena e da média burguesia intelectual portuguesa, para cujos integrantes as ideologias políticas de afirmação socialista não passavam de um mero capricho conjuntural, forma supostamente arriscada de ocupar ócios mentais, frivolidade mundana que não pôde resistir ao primeiro choque da realidade, quando os fatos vieram exigir o cumprimento das palavras. Então, o retrato do Che Guevara, testemunha, primeiro, de tantos inflamados anúncios de compromisso e ação futura, juiz, agora, do medo encoberto, da renúncia covarde ou da traição aberta, foi retirado das paredes, escondido, na melhor da hipóteses, no fundo de um armário, ou radicalmente destruído, como se fosse motivo de vergonha. Uma das lições políticas mais instrutivas, nos tempos de hoje, seria saber o que pensavam de si mesmos esses milhares e milhares de homens e mulheres que em todo o mundo tiveram algum dia o retrato de Che Guevara na cabeceira da cama, ou na frente da mesa de trabalho, ou na sala onde recebiam os amigos, e que agora sorriem por haver acreditado ou fingido crer. Alguns diriam que a vida mudou, que Che Guevara, ao perder sua guerra, fez perder a nossa, e portanto era inútil chorar, como uma criança que chora pelo leite derramado. Outros confessariam que se deixaram envolver por uma moda da época, a mesma que fez crescer barbas e cabelos, como se a revolução fosse uma questão de barbeiros. Os mais honestos reconheceriam que lhes dói o coração, que sentem em um movimento perpétuo de um remordimento, como se sua verdadeira vida houvesse suspendida o curso e agora lhes perguntasse, obsessivamente, aonde pensam que vão sem ideais nem esperança, sem uma idéia de futuro que dê algum sentido ao presente. Che Guevara, se assim pode dizer, já existia antes de ter nascido. Che Guevara, se assim pode afirmar, continua existindo depois de morto. Porque Che Guevara é somente o outro nome do que há de mais justo e digno no espírito humano. O que devemos despertar para conhecer e conhecemos, para agregar o passo humilde de cada um ao caminho de todos. José Saramago, escritor e Premio Nobel de Literatura.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Simplicidade Voluntária

Amigos,

No meu grupo chamado "Simplicidade Voluntária", consegui uma receita para o reaproveitamento do óleo de cozinha. Vou deixá-la com vocês. Depois que fizer o meu sabão, conto como foi a experiência.
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Óleo de cozinha vira sabão caseiro. Aproveite os restos usados em frituras na receita

O óleo de cozinha, usado para preparar frituras, geralmente é descartado no ralo de pias e desce até o esgoto. Ao entrar em contato com a água, um litro de óleo de cozinha pode contaminar milhares de litros do líquido. Uma forma de reutilizar o óleo e evitar a contaminação é fabricar um barato sabão caseiro. Veja como:Ingredientes- 4 litros de óleo comestível usado- 2 litros de água- ½ copo de sabão em pó- 1 kg de soda cáustica- 5 ml de óleo aromático de erva-doce ou outro a gostoA proporção pode ser mantida para fazer mais ou menos sabão, de acordo com a quantidade de óleo usado disponível.Modo de preparoEsquente a água. Separe meio litro e dissolva o sabão em pó nele. Dissolva a soda cáustica no restante da água. Adicione lentamente as duas soluções ao óleo e mexa por 20 minutos. Adicione a essência, misture um pouco e despeje em formas no formato desejado. Deixe esfriar e desenforme no dia seguinte. Os sabões estarão prontos.

O CONPET é um Programa do Ministério de Minas e Energia coordenado por representantes de órgãos do Governo Federal, da iniciativa privada e gerido com recursos técnicos, administrativos e financeiros da Petrobras S.A.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007



Histórias em Quadrinhos ou “O ataque das traças esfomeadas”

Há muito tempo não lia uma revista em quadrinhos, apesar de gostar muito Por acaso, encontrei uma da Magali que li com muita alegria. Sua leitura transportou-me ao passado e, como num filme, revivi várias cenas.

Minha paixão por literatura, começou cedo. E como não havia livros em casa, procurava-os no lixo. Nesta busca, muitas vezes deparei-me com revistas que, talvez não pudessem ser chamadas de quadrinhos. É como se fossem novelas ou filmes narrados em capítulos. Através de uma revista rasgada, conheci “La Strada” do Fellini e a linda Giulieta Massini. Como estava incompleta, não pude saber o seu final. Muito tempo depois, o Caetano Veloso fez uma belíssima canção sobre o filme.

Havia muito preconceito com este tipo de leitura. O meu pai dizia: “Mulher que lê telenovelas, não presta”. A proibição tornava sua leitura mais prazerosa. Debaixo do colchão, escondia as que uma vizinha me emprestava para eu ler a noite. Um dia, quase que ele me pegou lendo. Quase morri! Hoje as transgressões são muito mais sérias e destrutivas.

Entretanto, foi o meu pai que me deu a primeira revista em quadrinhos do Pato Donald e várias edições de uma revista infantil chamada “Nosso amiguinho” que, suponho, fosse publicada por alguma editora religiosa.

Minha avó paterna – Vó Glicéria – que era crente e lia a Bíblia para mim, ajudou-me a aumentar minha paixão pelos livros.

Voltando ao presente, percebi pela primeira vez em uma revista infantil, uma abordagem sobre a morte de uma forma lúdica. Gostei do Penadinho e da sua primeira frase: “Olá, Penadinho, como vai a morte?”

E é por isto, que resolvi deixar a primeira página da história com vocês.
Um beijo e mementomori.

domingo, 9 de setembro de 2007

O poeta e eu


Busco, a cada dia, tornar-me uma "minimalista", ou seja, viver o "tempo me dado prá mim nesta Terra" apenas, com o necessário. Creio que, assim, terei mais tempo para desfrutar verdadeiramente de tudo que gosto. Se não preciso administrar coisas inúteis, conseguirei desfrutar a vida de uma forma realmente prazerosa. Além disto, estou exercitando o desapego - o que me faz mais leve e feliz.

Como primeira providência, estou catalogando os livros que possuo, relendo alguns e descartando outros.

Assim, deparei-me com os quatro volumes das "Brumas de Avalon", grande sucesso editorial alguns anos atrás.

Nos agradecimentos feitos pela autora – Marion Zimmer Bradley – ela nos diz que "um livro desta complexidade leva seu autor a fontes muito numerosas para que sejam exaustivamente relacionadas. Devo citar, em primeiro lugar, meu falecido avô, John Roscoe Conklin, que me deu um velho e usado exemplar da edição de Tales of King Arthur, de Sidney Lanier, que li tanto a ponto de chegar a decorá-lo, antes de ter dez anos de idade. Minha imaginação também foi estimulada por fontes diversas, como o semanário ilustrado Tales of Prince Valiant: e aos 15 anos eu fazia gazeta na escola com muito mais freqüência do que se pensava, indo esconder-me na biblioteca do Departamento de Educação, em Albany, no Estado de Nova Iorque, para ler a edição de dez volumes do The Golden Bought, de James Frazer, e uma coleção de quinze volumes sobre religiões comparadas, inclusive um enorme livro sobre os druidas e as religiões celtas."

Quando terminei de ler este parágrafo, lembrei-me, imediatamente de uma Gramática da Língua Portuguesa que chegou às minhas mãos alguns dias atrás e, que pertencera a uma aluna da sétima série. Na primeira página da mesma, havia o desenho de uma grande folha da "Canabis Sativa" e várias frases pedindo a liberação da mesma. Não pude deixar de comparar a diferença de interesses. Tenho convivido com alunos de colégios públicos e particulares e, constato, estarrecida, que estamos vivendo um genocídio cultural. Não há nenhuma preocupação com o aprender e nenhum encantamento com esta coisa maravilhosa e salvadora que é a literatura.

O que será de nós? O que será deles? Embrutecidos pelo consumo, pelas drogas lícitas e ilícitas, certamente nunca terão o prazer de ler os quatros volumes desta obra maravilhosa que é "Brumas de Avalon".

Deixo com vocês a foto da minha visita ao velho poeta.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Foi muito cedo!


Hoje escrevo com muita tristeza, pois uma jovem nos deixou no dia 18. Um beijo para você, querida.
Algumas palavras deixadas por ela no seu diário.

***


"Que delícia está sendo minha vida!Apenas faço o que gosto.Conheço lugares e pessoas lindas!Sinto-me muito satisfeita com tudo que tenho recebido e vivenciado.Uma onda muito positiva pairou sobre mim!Amar, amores, ser amada,amigos, família, lugares, passeios,cultura, museu, cinema, shows,música, praias, comidas, bebidas,prazeres, dança, ar puro,coração aberto ...Felicidade!E se a saudade vier,que venha doce, serena, gostosa ...E se falta sentir,que possa ser suprida com lembranças.Lembranças que acariciem meu peito,com amor e não dor.Seja como a brisa,possa ser sentida e curtida etambém passageira.Feliz ano Feliz !Sou amor ... "

06/02/2007

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Consumo e indiferença


“Estamos diante de um dos maiores desafios do mundo moderno, que é controlar o consumo”
Fábio Feldman

Quando saí da Churrascaria onde almocei, um dia destes com uma amiga, lembrei-me imediatamente da frase acima. Pois apesar da excelência do cardápio oferecido, fiquei abismada com a quantidade de itens oferecidos. Havia todos os tipos de carne, peixe, camarão, etc. Como a gula é um pecado genial, sempre comemos além da conta. E, sempre saímos dali com a sensação de arrependimento, pois “os olhos são maiores do que a barriga” como ouvi sempre na infância.

De volta para casa não “havia uma pedra no meio do caminho”, mas sim, um homem catando comida no lixo. Como sempre, essas cenas me deixam muito triste.

Creio que além do consumo de muitas coisas materiais, devemos também, controlar a indiferença em relação a tantos problemas sérios como a fome, o subemprego, a corrupção que drena bilhões e bilhões de recursos que poderiam ser investidos em escolas decentes, hospitais dignos e moradia adequada. Temos que parar de achar que “Deus quer assim” ou “que sempre houve injustiças”. Um dia não havia anestesia e imagine as dores que as pessoas sofriam para arrancar um dente, por exemplo. Entretanto, descobriu-se na própria natureza substâncias que evitam a dor, quando a supressão da mesma é necessária. Existe tanto a fazer, porém ainda não achamos o caminho ou a forma de começarmos a mudar este mundo. A Humanidade já avançou em muitos aspectos e continuará avançando, entretanto, precisamos entender que fazemos parte de um todo e ajudar para que a soma das parcelas seja igual ao resultado.

E é maravilhoso recordarmos o poeta Castro Alves, jovem que nos deixou aos 24 anos e, que apesar de viver em uma fazenda tão longe da civilização, conseguiu desenvolver uma crítica social intensa, além de criar poemas maravilhosos, como o verso abaixo, que inicia o poema “Vozes d`África”
.***
Deus! Ó Deus, onde estás que não respondes!?
Em que mundo, em qu`estrela tu t´éscondes,
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde, desde então, corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?
***
E para terminar voltamos ao século XX para encontrarmos outro poeta, que também partiu cedo – Renato Russo.
***
“Quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante”

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

O outro


“A dificuldade em lidar com os outros existe, apenas, por que não somos bem resolvidos com nós mesmos” William Ury

Um dos nossos maiores problemas, em minha opinião, é a incapacidade de vivermos em paz e harmonia. Buscar o controle emocional é um desafio. Quanto sofrimento inútil, quanta mágoa desnecessária seriam evitados se, entendêssemos, humildemente, que não podemos saber o que o outro pensa.

Entretanto, muitas vezes, baseados em nossos fantasmas, julgamos e condenamos, sem darmos ao “réu” a menor chance de defesa. Inconseqüentemente, repetimos comentários maldosos, sem avaliarmos o estrago que poderemos fazer a reputação de alguém.

Outro dia, tive coragem e disse a uma pessoa cujo esporte preferido é “atirar pedra na Geni”, que não estava nem um pouco interessada no assunto que ela estava me contando.

Sei que é um caminho árduo e cheio de recaídas, porém, precisamos treinar, para vivermos melhor e podermos abraçar o outro sem medo. Estamos sempre armados, sempre desconfiando de tudo e de todos. Precisamos plantar no nosso quintal uma semente de afeto real. Para mim é a única saída.

Como os poetas têm sempre algumas respostas, deixo este poema que nos fala sobre o CONVIVER.


***

O homem; as viagens


O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.
Lua humanizada: tão igual a Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.
Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto — é isto?
idem
idem
idem.
O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.
Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para te ver?
Não-vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol,
falso touro espanhol domado.
Restam outros sistemas fora
do solar a colonizar.

Ao acabarem todos
só resta ao homem(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.


sábado, 11 de agosto de 2007

Exclusão x Inclusão ou Finitude x Infinitude




Neste sábado nublado, pelo menos aqui em Juiz de Fora, desejo compartilhar com vocês, dois poemas do Bertold Brecht - um homem que passou a vida inteira buscando justiça e, que por isto, tornou-se um nômade. Foi, também, além de um grande teatrólogo um poeta maravilhoso.


Quando no quarto branco do hospital

Quando no quarto branco do hospital
Acordei certa manhã
E ouvi o melro, compreendi
Bem. Há algum tempo
Já na tinha medo da morte. Pois nada
Me poderá faltar
Se eu mesmo faltar. Então
Consegui me alegrar com
Todos os cantos dos melros depois de mim.

***
Se fôssemos infinitos

Fôssemos infinitos
Tudo mudaria
Como somos finitos
Muito permanece.

***
Algumas vezes, penso como o mundo seria horrível se não existissem poetas, escritores músicos ou pássaros. E fico intrigada com o ar um pouco blasé e, ás vezes, irônico, com que algumas pessoas se referem aos jovens que optam por carreiras ligadas ao segmento das Artes ou Humanidades. Até mesmo o magistério, profissão que deveria estar sempre em alta, é aviltada de todas as maneiras. Conheço professores, hoje aposentados, que recebem uma aposentadoria tão ínfima, que não dá para comprar medicamentos necessários a uma vida melhor. Enquanto isto, os Cursos de Direito proliferam de uma maneira espantosa. Mesmo que alguns, após a formatura grafem a palavra hora como “ora” ou semestre como “simestre”. Sei que muitos escolheram esta profissão porque têm vocação, porém, outros estão encantados pelo “canto da sereia” dos altos salários. Entretanto, por mais tolerante que procure ser , não consigo entender aonde uma sociedade vai chegar, tendo como lógica a exclusão institucionalizada. Por que um juiz ganha tanto? E um médico, um professor, um trabalhador, etc.são obrigados a viver com tão pouco? E, apesar de possuir profissionais tão bem remunerados, o judiciário brasileiro está cada vez mais cego, surdo e mudo para a grande maioria da população, que por coincidencia, é a parte excluída do banquete da vida.

Quando constatamos a importância de um intelectual, como o Bertold Brecht, na luta contra o nazismo, só podemos agradecer ao Universo, existirem pessoas, que através da Arte, tentaram transformar este planeta em um lugar habitável por todos. Neste momento, em que a individualidade é cantada em prosa e verso, não certamente, pelos poetas, é necessário que a humanidade trilhe uma estrada onde a gentileza, a confiança sejam a regra e não a exceção.

E não poderia terminar, sem lembrar do nosso Poetinha que dizia "porque hoje é sábado, há criancinhas que não comem/porque hoje é sábado, os bares estão repletos de homens vazios..."

Um bom final de semana.

PS - A autoria da foto é da minha querida amiga Fabi que "está preparando outra pessoa..."

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

A visita

“Se já não respondo por mim,
Quem responderá?
Mas, se respondo apenas por mim,
Serei ainda eu mesmo?”

O Talmude da Babilônia


Esta citação nos faz pensar em muitas coisas. É intrigante! O que imaginava a pessoa que a escreveu?

Tudo isto passou pela minha cabeça, hoje, ao ler estas frases. Assim como muitos aspectos da vida incompreensíveis, elas nos fazem pensar e concluir que não há respostas, apenas perguntas.

E são essas dúvidas que nos impulsionam a viver, já que estamos aqui e breve não vamos mais estar. Quando o papo vai ficando muito “cabeça”, olho o dia lá fora e me extasio com o seu brilho, com o cheiro das folhas e o riso dos pássaros. E, aí, sorrio também.

Hoje, a noite chegou muito depressa, pois fiquei muito tempo classificando livros. Gosto deles, das suas páginas amarelecidas, suas dedicatórias.

Ultimamente a Vanessa da Mata tem me feito companhia, sempre. É gostoso ouvi-la.

Hoje a rotina foi quebrada com a visita de uma jovem muito bonita e sensível. Ela veio de Varginha – a terra do ET. É bom receber visitas!Por isto, espero que vocês venham até aqui sempre

terça-feira, 7 de agosto de 2007

A saudade






Pela manhã, minha filha pediu-me alguns modelos de marcadores de livros. Como até a algum tempo atrás colecionava-os, procurei para ver se ainda tinha alguns. E nesta busca, encontrei cartões postais, cartas, bilhetes e muitas outras lembranças de pessoas que nem lembro mais o rosto. Entretanto, suas palavras carinhosas vão ficar, pois, como dizia o poeta "... as coisas findas muito mais que lindas, estas, ficarão...". Senti muitas saudades! Saudades de Antônia, Moema, Lourdes, Erthos, Marquinhos e outros e outros...Minha busca me levou a procurar alguns no orkut, na telelistas, etc.. para dizer-lhes, caso os encontrasse, o quanto eles foram importantes para mim. Outros, não adiantam procurar em lugar nenhum. Apenas na memória. Mas o dia continuou, lindo e brilhante! E foi preciso seguir em frente, como diz o Almir Sater. E segui. Decidindo se devia fazer o espinafre em creme ou refogado. Ou isto ou aquilo, já dizia nossa Cecília. Que bom, quando uma escolha envolve poucas coisas, como esta. Por isto, devemos curtir também o espinafre, pois faz parte da nossa caminhada. Consegui o filme Zorba, O grego, pois quero vê-lo outra vez. Preciso, neste momento, de um filme alegre, que me faça dançar ou sonhar com a dança. À tarde, corri para a aula de Topiaria e consegui fazer um arranjo com sementes, as quais nunca havia sido apresentada. Este "Admirável Mundo Novo" é mesmo admirável. E por falar em memórias, lembrei-me da capa do livro da ilustração. Um abraço fraterno em todos os visitantes.


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segunda-feira, 6 de agosto de 2007

A rotina



A segunda-feira chegou com menos frio do que o dia anterior. Dia comum de uma dona-de-casa incomum. Assisti a um bom filme no vídeo, enquanto pedalava a bicicleta. O nome é: Anjos da guerra. Mostra os absurdos que o ser humano comete em situações extremas. É como se a maldade e a bondade viessem à tona, sem explicação nestes momentos. Porque uns agem de uma forma e outros de outra, é o grande mistério. No mais, arrumei a casa e continuei a organização de objetos. Começo a descartar muitas coisas inúteis e, para isso, é preciso organizar. Coloquei água para os passarinhos e eles chegam com toda a beleza. Existe um beija-flor que é muito egoísta e coloca os outros passáros para correr. Não fiz almoço e aproveitei um resto de frango cozido. Com isto, consegui um pouco mais de tempo. No final da tarde, saí um pouco e, agora estou escrevendo esta mensagem. Quando voltava, ouvi a conversa de duas mulheres atrás de mim, apesar de não ver os seus rostos. Uma delas falava: "Não agüento mais a rotina da minha vida."...Porém ela faz parte da nossa caminhada, assim como a surpresa. E cada minuto é sempre diferente do outro.

domingo, 5 de agosto de 2007

Memento mori

Queridos amigos e visitantes,

Será que terei algum visitante? De alguma galáxia ou daqui do nosso planetinha mesmo? Escolho esta frase, pois ela significa em latim: "Lembrem-se que vamos morrer". Sei que muitos de nós não gostamos de falar sobre a morte, porém sinto que se lembrarmos dela, seremos melhores e viveremos com mais intensidade. Entretanto, isto é só uma opinião. Estou começando hoje o meu blog e quero fazer uma homenagem a Laíla. Sempre pensamos em alguma forma de não sentirmos dor, porém ao ter consciência, temos também a percepção de todos os outros sentimentos.