segunda-feira, 13 de agosto de 2007

O outro


“A dificuldade em lidar com os outros existe, apenas, por que não somos bem resolvidos com nós mesmos” William Ury

Um dos nossos maiores problemas, em minha opinião, é a incapacidade de vivermos em paz e harmonia. Buscar o controle emocional é um desafio. Quanto sofrimento inútil, quanta mágoa desnecessária seriam evitados se, entendêssemos, humildemente, que não podemos saber o que o outro pensa.

Entretanto, muitas vezes, baseados em nossos fantasmas, julgamos e condenamos, sem darmos ao “réu” a menor chance de defesa. Inconseqüentemente, repetimos comentários maldosos, sem avaliarmos o estrago que poderemos fazer a reputação de alguém.

Outro dia, tive coragem e disse a uma pessoa cujo esporte preferido é “atirar pedra na Geni”, que não estava nem um pouco interessada no assunto que ela estava me contando.

Sei que é um caminho árduo e cheio de recaídas, porém, precisamos treinar, para vivermos melhor e podermos abraçar o outro sem medo. Estamos sempre armados, sempre desconfiando de tudo e de todos. Precisamos plantar no nosso quintal uma semente de afeto real. Para mim é a única saída.

Como os poetas têm sempre algumas respostas, deixo este poema que nos fala sobre o CONVIVER.


***

O homem; as viagens


O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.
Lua humanizada: tão igual a Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.
Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto — é isto?
idem
idem
idem.
O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.
Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para te ver?
Não-vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol,
falso touro espanhol domado.
Restam outros sistemas fora
do solar a colonizar.

Ao acabarem todos
só resta ao homem(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.


2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
BeBel disse...

Eis o que tão somente achei: que Deus fe o homem reto mas ele se meteu em muitas astúcias.
Eclesiastes 7:29. beijos