sábado, 11 de agosto de 2007

Exclusão x Inclusão ou Finitude x Infinitude




Neste sábado nublado, pelo menos aqui em Juiz de Fora, desejo compartilhar com vocês, dois poemas do Bertold Brecht - um homem que passou a vida inteira buscando justiça e, que por isto, tornou-se um nômade. Foi, também, além de um grande teatrólogo um poeta maravilhoso.


Quando no quarto branco do hospital

Quando no quarto branco do hospital
Acordei certa manhã
E ouvi o melro, compreendi
Bem. Há algum tempo
Já na tinha medo da morte. Pois nada
Me poderá faltar
Se eu mesmo faltar. Então
Consegui me alegrar com
Todos os cantos dos melros depois de mim.

***
Se fôssemos infinitos

Fôssemos infinitos
Tudo mudaria
Como somos finitos
Muito permanece.

***
Algumas vezes, penso como o mundo seria horrível se não existissem poetas, escritores músicos ou pássaros. E fico intrigada com o ar um pouco blasé e, ás vezes, irônico, com que algumas pessoas se referem aos jovens que optam por carreiras ligadas ao segmento das Artes ou Humanidades. Até mesmo o magistério, profissão que deveria estar sempre em alta, é aviltada de todas as maneiras. Conheço professores, hoje aposentados, que recebem uma aposentadoria tão ínfima, que não dá para comprar medicamentos necessários a uma vida melhor. Enquanto isto, os Cursos de Direito proliferam de uma maneira espantosa. Mesmo que alguns, após a formatura grafem a palavra hora como “ora” ou semestre como “simestre”. Sei que muitos escolheram esta profissão porque têm vocação, porém, outros estão encantados pelo “canto da sereia” dos altos salários. Entretanto, por mais tolerante que procure ser , não consigo entender aonde uma sociedade vai chegar, tendo como lógica a exclusão institucionalizada. Por que um juiz ganha tanto? E um médico, um professor, um trabalhador, etc.são obrigados a viver com tão pouco? E, apesar de possuir profissionais tão bem remunerados, o judiciário brasileiro está cada vez mais cego, surdo e mudo para a grande maioria da população, que por coincidencia, é a parte excluída do banquete da vida.

Quando constatamos a importância de um intelectual, como o Bertold Brecht, na luta contra o nazismo, só podemos agradecer ao Universo, existirem pessoas, que através da Arte, tentaram transformar este planeta em um lugar habitável por todos. Neste momento, em que a individualidade é cantada em prosa e verso, não certamente, pelos poetas, é necessário que a humanidade trilhe uma estrada onde a gentileza, a confiança sejam a regra e não a exceção.

E não poderia terminar, sem lembrar do nosso Poetinha que dizia "porque hoje é sábado, há criancinhas que não comem/porque hoje é sábado, os bares estão repletos de homens vazios..."

Um bom final de semana.

PS - A autoria da foto é da minha querida amiga Fabi que "está preparando outra pessoa..."

5 comentários:

Fabiola Dias disse...

Me senti a bolacha mais gostosa do pacotinho, ao ler poemas tão lindos acompanhados de uma foto de minha autoria. Isso que é um privilégio.
Muito Obrigada e parabéns novamente pelo blog.
Fabí
http://www.flickr.com/photos/fabioladias/

Mariana disse...

Safira,
A primeira impressão que tive do blog foi -contradição-. Apesar do fundo preto e do tema morte o que sobressaiu para mim foi um exemplo de auto estima. A começar pela iniciativa do blog.E pela linda foto à beira do laguinho, pelos pássaros, pela bicicleta, pela Vanessa Da matta, pelo curso de topiaria!! Excelente exemplo de amor a vida.Parabéns!!! um beijo,
Mariana.

Anônimo disse...

Amiga,
fico muito feliz em ver você escrevendo todo dia. Você tem muito conteúdo interessante e deve dividi-lo conosco.
Continue firme com seus escritos.

BeBel disse...

É impressionante como conhecemos e não conhecemos as pessoas. Este é um lugar que eu gosto de vir sempre. Gosto de poesia, gosto da "chatice" dos papos cabeça, gosto muito desse blog. Muito interessante entrar aqui e me deparar com algo que pensava que conhecia. Você. Tô contigo e não abro.

Unknown disse...

Excelente o seu blog Safira, rico em conhecimento assim como vc, e concordo em gênero número e grau com o seu texto sobre o desrespeito com que são tratadas profissões tão belas e importantes...
beijos